Pérola, sinônimo de esperança: bebê nasce após mãe ser resgatada das enchentes em Restinga Sêca

Thais Immig

Foto: Marlon Borba

A recém-nascida Pérola tem menos de um mês de vida e já é sinônimo de esperança. Isso porque ela veio ao mundo de forma prematura, com 34 semanas. Mas engana-se quem pensa que a história para por aí. A pequena nasceu no dia 3 de maio após a mãe ser resgatada das enchentes que atingiram o local onde residem no município de Restinga Sêca. O salvamento foi feito por um helicóptero da Força Aérea Brasileira (FAB), responsável pelo resgate de centenas de moradores da Região Central.


Relembre um dos casos:


Gravidez de risco

Por ser uma gravidez de risco, Alexandra Coelho Campos, 41 anos, precisava fazer acompanhamento médico semanal porque estava perdendo líquido. Toda segunda e quinta-feira, ela ia ao Complexo Hospitalar Astrogildo de Azevedo, em Santa Maria, para atendimento com o médico Rodolpho Mello Netto, que acompanhava a gestação. Por isso, ela e o marido, William Ribeiro Müller, 36 anos, sabiam que a gravidez precisava de cuidados especiais. Em resumo: 

– O médico estava lutando para manter a Pérola o máximo possível dentro da mamãe para evitar problemas – comenta William.


Resgate

Na segunda-feira (29/04), o casal veio para Santa Maria para a consulta médica sem imaginar os dias que estavam por vir. Já em Restinga Sêca, na terça, foram surpreendidos pela forte chuva que atingiu a região. Com ruas alagadas e pontes destruídas, os acessos ao município foram bloqueados. Logo, a surpresa deu lugar à angústia por conta da gravidez de risco:

– Eu lembro que, naquela noite, eu acordei bem assustada porque diziam ‘ah, caiu tal ponte, aconteceu tal coisa’. E eu comecei a me preocupar porque era muita água, que a gente nunca viu. Só pensava assim: ‘se eu precisar sair, como eu vou fazer’. A gente nunca imaginou que fosse acontecer tudo aquilo na nossa cidade, nunca aconteceu nada parecido – lembra Alexandra.

Conforme o casal, eles precisavam voltar a Santa Maria até sexta-feira para definir se a cesariana seria feita naquele momento. Por ser uma gravidez de risco, o parto não podia ser normal. Apesar de ainda estar com 33 semanas, o médico já havia alertado sobre a possibilidade do nascimento da Pérola de forma prematura.

– Ficamos presos em Restinga e começamos a procurar outra possibilidade porque tentamos fazer o ultrassom no município, mas não conseguimos. Fiquei muito preocupado. Em certo momento, pensei em passar até na enchente com ela. Tinha percursos que precisava passar dentro da água, mas com a Alexandra grávida não tinha como – conta o pai.

Foi nesse momento que Alexandra mandou mensagem para o secretário da Saúde de Restinga Sêca, Norton Soares, que auxiliava no resgate de gestantes com a FAB no município. Assim, na quinta-feira (2), ela e o marido foram levados de helicóptero até o Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) para fazer exames iniciais e logo foi encaminhada para o Complexo Hospitalar Astrogildo de Azevedo, local onde realizava o acompanhamento.

Eu me senti muito segura no helicóptero. Havia um mix de sentimentos, pois eu não sabia o que pensar na hora. E quando eles chegaram, eu me senti muito segura. Foi um piscar de olhos. Quando vi, já estava chegando – conta Alexandra sobre o momento do voo.


Nascimento 

“Foi no momento certo e na hora certa”. É dessa forma que Alexandra relata o nascimento da filha. Pérola nasceu às 13h36min do dia 3 de maio, pesando 2kg36g e medindo 41 centímetros. O parto cesárea foi realizado no dia seguinte ao resgate aéreo. Três dias depois, a família já recebeu alta médica e voltou para Restinga.

Na segunda-feira (6), Alexandra recebeu a reportagem do Diário na maternidade Foto: Marlon Borba

 

Pérola, sinônimo de esperança 

Após o nascimento, o sentimento é de esperança e gratidão por voltarem para casa:

– Eu não estava acreditando que isso pudesse acontecer. E, no fim, foi tão perfeito, porque a gente passou por muita coisa nesse período. E, daqui para frente, tudo vai ser diferente, nada mais vai ser igual. Temos ela que vai ser minha esperança. Porque a esperança do mundo são as crianças – conta Alexandra emocionada. 


Casal tem na bagagem da família o bebê que segurou a mão do médico

Essa não é a primeira vez que um filho do casal vira notícia. Em agosto de 2017, o Diário contou a história de Miguel, o segundo filho do casal, hoje com quase 7 anos. Durante o parto, o bebê segurou a mão do médico e emocionou a equipe médica com o gesto. Em entrevista à reportagem da época, o médico Rodolpho Mello Netto contou sobre o fato:

– Eu estava pronto para abrir a bolsa e vi a mãozinha dele como se estivesse sinalizando para mim. Assim que eu perfurei a cavidade, ele foi colocando a mãozinha para fora e segurou na minha mão. Não foi reflexo, foi carinho. Eu fiquei conversando com ele por um tempo e disse: ‘Oi, Miguel. Seja bem-vindo”. O pai dele estava do meu lado e conseguiu, entre razão e emoção, pegar a câmera e tirar a foto. Depois, eu disse para o bebê ‘agora vamos nascer’, e ele, delicadamente, retirou a mão como se estivesse me respondendo. Toda a equipe parou, encantada, para assistir o momento.

Alexandra e William também são pais de Eduardo, 18 anos, irmão dos bebês "famosos" e primogênito da família.

A história de Miguel foi contada na edição de 19 e 20 de agosto de 2017 do Diário de Santa MariaFoto: Arquivo Diário


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